segunda-feira, 16 de julho de 2012

Tecido adiposo marrom

Ao contrário do que possa parecer, nosso tecido gorduroso é muito mais complexo do que um simples estoque de energia. Nossas células de gordura produzem hormônios, marcadores de inflamação e outros sinalizadores para todo o corpo e, dependendo de onde a gordura esteja, ela tem funções diferentes no metabolismo e se comporta de forma distinta. Como um exemplo, a gordura abdominal (a "barriguinha de cerveja") é mais perigosa que a gordura subcutânea (presente no quadril), mas também é mais fácil de ser mobilizada.
Mas o que vou falar aqui hoje é ainda mais interessante: um tipo diferente de tecido de gordura, que é capaz de produzir calor a partir de nutrientes, ao invés de estocar essa energia: é o tecido adiposo marrom. Essa gordura é conhecida há muitos anos, mas até pouco tempo acreditava-se que ela existia em alguns mamíferos (principalmente os que vivem no frio e hibernam) e no recém-nascido, mas após alguns meses de vida, desaparecia em humanos. A função dessa gordura seria produzir calor para esquentar o corpo em situações de frio. Qual não foi a surpresa, há alguns anos, ao se realizar exames de imagem refinados, chamados PET-FDG, quando se descobriu que uma porcentagem dos adultos humanos possuíam também essa gordura! E qual a importância disso? Ora, se pudéssemos ativar essa gordura marrom, queimaríamos parte do que comemos em forma de calor, ao invés de estocar gordura. Seria um mecanismo protetor do ganho de peso. Com isso, poderíamos controlar melhor a epidemia de obesidade.
É nteressante que, quando expomos pessoas ao frio, é mais provável que ela mostre ativação dessa gordura no exame de imagem que comentei. Ou seja, ela está nos defendendo do frio. Uma das possíveis explicações para o aumento da obesidade no mundo pode ser a temperatura mais ou menos constante em que vivemos (ar condicionado, ambiente fechado, agasalhos, etc). Mas não é só: em ratos que recebiam muito alimento, o tecido também se ativava, e assim os animais não ganhavam tanto peso, ou seja, era um mecanismo protetor para ganho de peso! Este tipo de estudo ainda não foi feito em humanos.
Além disso, pessoas magras parecem ter mais ativação de tecido adiposo marrom que obesos e jovens mais do que idosos. Seria essa uma das causas desses indivíduos terem ficados obesos? Ou seria mais difícil de visualizar, visto que é uma ínfima parte da nossa gordura total que é marrom? Não existe ainda resposta para essa pergunta.
Agora, a pesquisa deve-se voltar para substâncias que ativem esse tecido, ou que façam ele aumentar. Até agora sabe-se que capsaicina (que está presente nas pimentas vermelhas) parece ativá-lo, mas há uma série de outras substâncias que também são candidatas. Há pouco tempo descobriu-se também que atividade física faz com que parte de nossa gordura convencional (ou branca) se "amarronze". E uma nova substância descoberta produzida no músculo, a irisina, poderia fazer a mesma função sem necessidade do exercício físico, mas com todas as conseqüências positivas deste, qe já conhecemos há basante tempo!
Ou seja, na prática, ainda há pouco para ser usado. Ninguém vai passar frio ou comer pimenta em grande quantidade para emagrecer, mas o futuro nos reserva muitas possibilidades! Esperemos para ver!

Um comentário:

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